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Com o astroturismo, existe a conscientização sobre poluição luminosa
Viajar e ver um céu estrelado ou um eclipse solar? Quero!
Olá ser incrível! Beleuza? Meu nome é Julia Brazolim e voltamos com mais uma edição da newsletter Direto de Marte! \o/ uhuuuu! Vamos falar de astroturismo?
Uma prática que atrai cada vez mais curiosos
A Academia Brasileira de Letras define astroturismo como um “tipo de turismo que tem como motivação a observação dos astros e fenômenos celestes (auroras, eclipses, etc.), especialmente em lugares com menor poluição luminosa e atmosférica, além de condições climáticas e topográficas propícias; turismo astronômico.“
A prática está em alto crescimento no Brasil e envolve positivamente a economia de cidades pequenas, além de divulgar astronomia e conscientizar sobre a proteção do céu noturno. Os praticantes não precisam ser entusiastas da área, apenas amar ver um céu estrelado, mesmo porque acho impossível não se apaixonar em observar a Lua, conhecer estrelas, identificar planetas, registrar eventos astronômicos… Claro, a melhor maneira de ficar por dentro e se programar para uma viagem ainda mais emocionante é consultar calendários astronômicos.
Assim como a astronomia amadora, apenas a olho nú já da pra se divertir. Mas com um binóculo ou um celular, pode ajudar a registrar/observar momentos. O legal do astroturismo é que dependendo do lugar, há instrutores com telescópios que vão te ensinar o que observar e explicar o que você está vendo.
O Parque Estadual do Desengano (RJ) é um dos pontos de astroturismo mais visitados do país e conta com mais de 3 mil visitar por ano. O local é especial não apenas por causa da preservação do céu e sim, por ser até o momento, o único lugar no Brasil com reconhecimento do International Dark-Sky Association (IDA). Isso significa que Parque do Desengano está na lista internacional de lugares certificados para o astroturismo.
Helio J. Rocha-Pinto que é diretor do Observatório do Valongo (UFRJ) e presidente da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), disse a uma matéria do terra intitulada “Astroturismo cresce no Brasil e traz alerta sobre poluição luminosa no céu“, que:
“Áreas de serras, como parques florestais, são muito cativantes, pois costumam aliar alta altitude com cercanias isoladas. Porém, mesmo ao nível do mar é possível ter boas experiências quando a atmosfera está limpa de nuvens e nos encontramos em regiões sem luz artificial, como em ilhas, restingas e praias isoladas.”
É necessário planejamento sustentável para o constante aumento das áreas urbanas
Além da preocupação de se preservar áreas rurais, os grandes centros já estão enfrentando problemas quanto a poluição luminosa.
Segundo uma projeção da UNESCO, estima-se que até 2030, “mais de 1 bilhão de pessoas devem viver em aproximadamente 100 grandes cidades e 60% da população mundial viverá em áreas urbanas”. Logo, teremos como uma das principais consequências, o aumento da poluição luminosa nesses grandes centros, tornando-se urgente o planejamento urbano sustentável como prioridade de qualquer governante e de qualquer eleitor.
Somando à poluição gasosa com a recorrente passagem de satélites artificiais, já há um aumento dos efeitos na saúde, ecológico e até cultural. A revista Science publicou um estudo com o título “The increasing effects of light pollution on professional and amateur astronomy“, onde traz o resultado da análise de dezenas de milhares de observações feitas por cientistas cidadãos do mundo todo por cerca de 12 anos. Foi descoberto que devido ao excesso de luz artificial, as estrelas com brilhos mais fracos no céu noturno estão sendo ocultadas devido a um aumento anual de 10% na luz de fundo do céu.
Escala de poluição luminosa. Crédito: NOIRLab/NSF/AURA, P. Marenfeld
Movimenta a economia local, mas há exigências!
Astroturismo não é bagunça. Acredito que para um lugar se tornar um ponto de astroturismo é crucial uma organização exigente, preservação ambiental, uso e instalação de luzes de forma correta que não prejudique a segurança e nem polua o céu noturno, guias profissionais ou envolvidos diretamente com astronomia e suas práticas, investimento, planejamento e conhecimento na prática de divulgação científica e é claro, em turismo.
A amiga e astrônoma Tânia Dominici (MAST/MCTI) me informou que existe um projeto de lei tramitando na Câmera dos Deputados aqui no Brasil para incentivar o astroturismo, dando certificação para localidades com preservação de céus escuros. O autor do Projeto de Lei 1975/21 é o deputado Carlos Henrique Gaguim (DEM-TO) e ele defende a prática dizendo que é um componente importante para o turismo de qualidade, mas exatamente por ser uma prática de diversos públicos de alto poder aquisitivo, “qualifica o capital humano local e exige investimento inicial relativamente baixo para as localidades hospedeiras“ sendo uma atividade de “baixo impacto ambiental […] do romance à astronomia, passando pela observação dos pássaros“.
Então enquanto temos o IDA que é internacional, seria legal termos o nosso governo incentivando a prática e seus benefícios educacionais, ambientais e turísticos.
Inclusive, a Tânia já passou pelo podcast Missão Exoplaneta em alguns episódios falando justamente sobre a preservação do céu noturno e digo mais: ela faz parte do conselho consultivo da organização Rede de Céus Estrelados do Brasil que foca no combate a poluição luminosa. Se você tem dúvidas sobre lâmpadas corretas, o que é poluição luminosa, como combatê-la, entre outros assuntos, acesse o site da organização pois todos os conteúdos são de fácil acesso: http://ceusestreladosdobrasil.org/
Então é isso galeura! Gostaram? Dúvidas? Qual será o tema da próxima edição? Aguardem!